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Carol Neves
Publicado em 9 de junho de 2025 às 08:06
O veleiro Madleen, pertencente à coalizão Flotilha da Liberdade, foi interceptado na madrugada desta segunda-feira (9), no horário local, por militares israelenses enquanto navegava em direção à Faixa de Gaza com 12 ativistas a bordo. A embarcação partiu da Itália em 1º de junho com o objetivo de romper o bloqueio marítimo imposto por Israel e entregar alimentos e medicamentos à população palestina.>
Segundo comunicado divulgado pela própria Flotilha da Liberdade, “a comunicação com o Madleen foi perdida” e “os militares israelenses abordaram o navio”. A organização afirma que a tripulação foi “sequestrada pelas forças israelenses”. A bordo estavam a ativista sueca Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila e outros dez integrantes.>
A ação foi autorizada pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que declarou no domingo (8) que impediria a chegada do veleiro. “O Estado de Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objetivo é impedir a entrega de armas ao Hamas”, afirmou.>
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que a Marinha desviou o barco para a costa israelense e garantiu que “todos os ageiros do ‘iate das selfies’ estão seguros e ilesos”. Em publicação na rede X, acrescentou: “Eles receberam sanduíches e água. O show acabou”. Segundo o ministério, os poucos itens de ajuda a bordo que “não foram consumidos pelas ‘celebridades’” serão enviados a Gaza pelos canais humanitários oficiais.>
Horas antes da interceptação, a organização relatou que drones israelenses lançaram substâncias químicas não identificadas sobre a embarcação, pouco antes do ataque. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento da aproximação das forças israelenses.>
Rima Hassan, deputada sa no Parlamento Europeu e integrante da tripulação, publicou no X que o grupo foi detido “em águas internacionais por volta das 2h da manhã”. A esposa de Thiago Ávila, Lara, também se manifestou nas redes, pedindo apoio do governo brasileiro: “Recebemos uma mensagem de que eles estavam sendo interceptados e atacados pelo Exército israelense. Que o Exército estava subindo no barco”.>
O Itamaraty divulgou nota afirmando que acompanha o caso “com atenção” e solicitou a libertação imediata dos tripulantes. O governo brasileiro também reiterou que Israel deve respeitar o direito de navegação em águas internacionais e eliminar as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza. >
A iniciativa da Flotilha da Liberdade existe desde 2008 e é conhecida por tentar furar o bloqueio israelense por meio de missões marítimas com fins humanitários. Em 2010, uma dessas ações terminou tragicamente após militares israelenses atacarem o navio turco Mavi Marmara, matando nove pessoas e ferindo outras 50. Na ocasião, uma investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU classificou o uso da força como desproporcional e ilegal.>
O atual episódio ocorre em meio à intensificação da crise humanitária em Gaza. Desde 2 de março, Israel havia bloqueado totalmente a entrada de alimentos e remédios no território palestino. A entrada de ajuda só foi parcialmente restabelecida após pressão internacional. Em abril deste ano, três relatores da ONU pediram agem segura para a flotilha e defenderam que Tel Aviv respeite o direito internacional e as determinações da Corte Internacional de Justiça.>