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Osmar Marrom Martins
Publicado em 14 de junho de 2025 às 11:00
Como não é segredo, apesar de eu trabalhar comentando o Carnaval, minha festa preferida sempre foi o São João. Desde que me entendo como gente, quando chegava essa época do ano, ou a gente ia para Serrinha, cidade da família de meu pai, ou para Simão Dias, Sergipe da família de minha mãe. Os festejos juninos eram marcados pela fartura de comidas típicas (bolos de milho, carimã, aipim), canjica, milho cozido ou assado, amendoim e licor. Principalmente de jenipapo. Sem falar na fogueira e nos balões que enfeitavam o céu. >
A trilha sonora era uma atração à parte. Luiz Gonzaga com seus clássicos como “Olha pro céu meu amor”; Trio Nordestino com o Procurando Tú, Um neném; Marinês e sua Gente “Oh siriri oh meu bem ou sirirá”. E tinha ainda Jacson do Pandeiro, Anastácia, Dominguinhos, Genival Lacerda entre tantos outros. Todos figuras que não podiam faltar nas festas ou nas vitrolas em cada casa.>
E sempre ia aparecendo novos artistas. Vieram Jorge de Altino, Alcimar Monteiro, Nando Cordel, Alcymar Monteiro, Flávio José, depois Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Clemilda. E uma geração mais nova com os saudosos Zelito Miranda e Carlos Pitta, Virgilio, depois Adelmário Coelho, Del Feliz, Targino Gondim, e por aí vai. Como tudo na vida evolui, surgiram as bandas e forró eletrônico como Mastruz Com Leite, Magníficos, Calcinha Preta entre outros.>
Claro que não era mais aquele São João raiz. Mas, mesmo assim, ainda dava para curtir. Sem querer fazer comparação, novos ritmos começaram a ser incorporados nos festejos juninos como axé, pagode, sertanejo entre outros. São os novos tempos. Eu respeito o gosto de cada um. Mas eu mantive e mantenho a tradição. Eu gosto de São João com forró pé de serra. Por isso, a cada ano eu procuro alguma cidade onde eu possa encontrar um mínimo das tradições.>
Nos últimos anos ei na cidade de Rio Real, que faz fronteira com Sergipe. A exemplo de outras cidades, o sertanejo, a sofrência e até o pagode já estavam inseridos na programação. Mas ainda encontrava uns trios fazendo forró pé de serra e a cidade com uma decoração que nos remetia a um autêntico arraiá. Agora vou conhecer uma nova praça. É a cidade de Jeremoabo, distante 400 km de Salvador.>
E a programação segue a tendência de misturar artistas de todos os gêneros. Mas soube que ainda se acha um pouco do São João raiz. Vou conferir. Eu não gosto de ficar comparando dizendo que no meu tempo era melhor. É a evolução natural. Mas pelo menos as prefeituras que organizam as festas, tem a obrigação de preservar no mínimo a tradição. São João sem forró não dá. Viva São João. Viva!>